Rio Grande que te quero menor, que te quero melhor!

Meu Rio Grande do Sul!Quanto mais eu caminho pelo nosso País, mais eu gosto, mais admiro e mais me interesso! Muita mistura, muita diversidade cultural, muitos sotaques. Quanto mais fui descobrindo o Brasil, mais fui buscando informações até que cheguei ao “o Povo Brasileiro”, obra que deveria ser preconizada pelas escolas e faculdades do Brasil. Até Darcy Ribeiro escrever este livro não tínhamos nenhuma teoria completa sobre a formação do nosso povo (tínhamos bons livros que retratavam regiões específicas, a cana de açucar o Pau Brasil, mas nenhum livro sobre a formação dos brasileiros em geral). Um bom ponto de partida para entender quem somos e de onde viemos.

Quanto mais conheço quem é o brasileiro, mais eu valorizo a riqueza da nossa diversidade e quanto mais eu valorizo as diferenças mais eu questiono ambientes e hábitos etnocêntricos pois estes limitam, atrofiam e segregam.

Para quem não conhece o escritor  Sérgio Faraco ou “o gaúcho Sérgio Faraco” como diria a Zero Hora, recomendo um livro deste alegretense chamado Lágrimas na Chuva. Em um dos trechos do livro, Faraco diz que uma viagem só começa quando retornamos ao ponto de partida. Pois bem, conheci mais o meu Rio Grande quando passei quase uma década fora dos pagos, entre Austrália, Santa Catarina e o Rio de Janeiro. Certamente tenho orgulho das nossas tradições, respeito à nossa cultura, saudade da São Borja missioneira onde passei a infância e reconheço que fizemos muito pelo Brasil. Mas também tenho vergonha. Vergonha de um Estado fechado, com muita opinião emitida de uma a outra pessoa, como se fosse o efeito de um ‘retweet’, sem que parem, olhem e questionem para onde está indo o nosso Rio Grande. Pré-conceitos, pré-julgamentos, sem olhar ‘por cima do muro’, ou melhor, acima do Mampituba…

Agora estou de volta, na terra do etnocentrismo, e me dei conta de que paramos no tempo. Estamos cada vez mais fechados, quase fanáticos, achando que realmente tudo acontece a partir daqui e se vangloriando de dados estatísticos que ainda colhemos hoje de sementes que foram semeadas lá atrás… e hoje, sofre os efeitos da seca do El Niño da ignorância.

O que estamos plantando hoje? Continuo escutando pessoas falando do nordeste com deboche, com desprezo. Absolutamente desinformadas, na onda do retweet da estupidez. Li um discurso de Brizola, de  1961, quando comparava a metade sul do Rio Grande do Sul (sim, a “terra da produção” e dos “estancieiros a frente do seu tempo”) com o sertão nordestino. Comparava matérias como o nível de emprego, nível  e distribuição de renda e diversos fatores sócio-econômicos… 1961 ficou para trás. O nordeste avançou. O sertão produz e exporta frutas, logística para escoar produção, Sobral-CE com WiFi gratuíto para população e a Metade Sul? Tirando Rio Grande que está encostado no Super Porto, continua achando que é “a terra da produção” e com seus “estancieiros a frente do seu tempo”… Continua comparável ao nordeste, com uma diferença, o nordeste de antigamente!

Ontem estava voltando de Manaus e li em uma revista de bordo uma reportagem com o filósofo Cortella, que tive a oportunidade de conhecer no Rio de Janeiro e, lá pelas tantas, ele fala na entrevista: “Uma pessoa grande, sabe que é pequena pois assim ainda há pista para crescer…” Isso não vale apenas para pessoas mas também vale para um Estado, uma Nação. Rio Grande, se somos grande realmente, vamos entender que somos menor do que aquilo que achamos (ou que a opinião publicada acha) que somos e vamos crescer!!!

 

 

~ por joaosillalopesdealmeida em fevereiro 4, 2012.

3 Respostas to “Rio Grande que te quero menor, que te quero melhor!”

  1. Almeida, parabens pelo texto. Compartilho a mesma opiniao e admiro sua analise sobre o RS, alias, uma das poucas analises não bairristas e não inviesadas sobre o estado.

  2. Muito bem colocado. Que tal mandarmos para o Opinião da ZH?

  3. Concordo em genero, número e grau….
    Tb ainda ouço pessoas debochando do nordeste e do povo de lá e nao consigo entender tanto pre-conceito.

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